Publicado por: zehsouza | agosto 1, 2011

Hoje vamos falar sobre o Romantismo.

– […] Hoje vamos falar sobre o Romantismo, ao qual podemos chamar a última grande época cultural da Europa. […]
– O Romantismo durou tanto tempo?
– Começou em finais do século XVIII e durou até meados do século passado. Mas a partir de 1850 já não faz sentido falar de épocas completas que abranjam do mesmo modo poesia e filosofia, arte, ciência e música.
– Mas o Romantismo foi ainda uma dessas épocas?
– Sim, e como disse, a última na Europa. Teve início na Alemanha como reacção ao culto da razão no Iluminismo. Após Kant e a sua fria filosofia racional, os jovens na Alemanha pareciam respirar fundo.
– E o que é que colocaram no lugar da razão?
– Os novos slogans eram «sentimento», «fantasia», «vivência» e «nostalgia». Alguns pensadores do Iluminismo também tinham apontado para a importância dos sentimentos – por exemplo, Rousseau – e criticado a insistência exclusiva da razão. Esta corrente secundária tornou-se a corrente principal da vida cultural alemã.
– Então Kant não foi popular por muito tempo?
Sim e não. Muitos românticos viam-se como herdeiros de Kant. Kant afirmara que havia limites para aquilo que podemos conhecer. Por outro lado, mostrara como era importante o contributo do eu para o conhecimento. E agora, no Romantismo, o indivíduo tinha, por assim dizer, livre curso para a sua interpretação pessoal da existência. Os românticos professavam um culto quase desenfreado do eu. Por isso, a essência da personalidade romântica é também o génio artístico.
– Havia muitos génios naquela época?
– Alguns. Beethoven, por exemplo. Na sua música, encontramos uma pessoa que exprime os seus próprios sentimentos e nostalgias. Deste modo, Beethoven era um artista «livre» – ao contrário dos mestres do Barroco como Bach e Haendel que compunham as suas obras para glória de Deus e geralmente segundo regras rigorosas.
– Eu conheço apenas a sonata Ao luar e a Quinta Sinfonia.
– Mas vês como é romântica a sonata Ao luar e como Beethoven se exprime de forma dramática na Quinta Sinfonia.
– Disseste que os humanistas do Renascimento também eram individualistas.
– Sim, há muitos paralelismos entre o Renascimento e o Romantismo. Um desses paralelismos é, por exemplo, o grande valor dado à importância da arte para o conhecimento humano. Também neste aspecto, Kant tinha aberto caminho para o Romantismo. Na sua estética, ele investigara o que sucede quando somos dominados por uma coisa bela, uma obra de arte, por exemplo. Quando vemos uma obra de arte sem outro interesse que o de «vivê-la» tão intensamente quanto possível, ultrapassamos o limite daquilo que podemos conhecer, ou seja, o limite da nossa razão.
– Isso quer dizer que o artista nos proporciona algo que o filósofo não pode proporcionar-nos?
– Era assim que Kant pensava, e juntamente com ele os românticos. […]
O poeta romântico inglês Coleridge exprimiu a mesma ideia do seguinte modo:
(E se adormecesses? E se, no teu sono, sonhasses? E se, no teu sonho, subisses aos céus e ali colhesses uma estranha e bela flor? E ainda se, ao acordares, tivesses a flor na tua mão. Ah, como seria, então?)
– Que bonito!
– Este desejo de algo longínquo e inatingível era típico dos românticos. Eles também podiam ter a nostalgia de um mundo desaparecido – por exemplo, a Idade Média, que no Iluminismo fora tida pela idade das trevas e era agora revalorizada. Ou tinham nostalgia de culturas distantes, por exemplo, o «Oriente» com a sua mística. E sentiam-se atraídos pela noite, por ruínas antigas e pelo sobrenatural. Preocupavam-se com aquilo a que chamamos o lado nocturno da vida, ou seja, o obscuro, o lúgubre e místico.
– Acho que parece uma época excitante. Mas quem eram então esses românticos?
– O romantismo foi sobretudo um fenómeno urbano. […]
– Quando dizes «romântico», eu penso em grandes pinturas de paisagens. Vejo florestas misteriosas e a natureza selvagem… Envolvidas em névoa.
– Aos traços mais característicos do Romantismo pertenciam efectivamente a nostalgia pela natureza e uma verdadeira mística natural. Era um fenómeno urbano, como disse – uma coisa deste gênero não surge no campo. Sabes que o estribilho «Regresso à natureza!» provém de Rousseau. Só então, no Romantismo, é que este mote recebeu um verdadeiro impulso …


Respostas

  1. Eu sempre gostei do romantismo e da idéia de morrer por amor. Acho lindo. Obras de jane Austen sempre possuem esse sofrimento exacerbado. O Jovem Werther do Goethe tb é outra obra maravilhosa que retrata o amor até as últimas consequências.

    Bjão! E vá lá no blog que tem surpresinha.


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